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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

“Sábados Feministas” traz debate-sarau sobre poesia e feminismo

Foto: Divulgação 


Evento, que integra o Ciclo de Debates Sábados Feministas – parceria da Academia Mineira de Letras com o Movimento Quem Ama Não Mata -, propõe reflexão sobre a intersecção entre o feminismo, a poesia e o surgimento do QANM

No sábado (21), a Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte, em parceria com o movimento feminista mineiro Quem Ama Não Mata (QANM), realiza mais um “Sábados Feministas”, dessa vez, sob o tema “Poesia & Feminismo: Um debate-sarau sobre a poética das mulheres. Participam as poetisas convidadas Beth Fleury, Lúcia Afonso, Sonia Queiroz & Thais Guimarães. O evento começa às 10h, com abertura de portões 30 minutos antes.

Com entrada franca e acessibilidade em Libras, o debate acontece no âmbito do projeto “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 235925)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura, e tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores.

Desde as suas origens, há 40 anos, o Movimento Quem Ama Não Mata traz uma relação profunda com a Poesia. “Tanto que, no Ato Público da Igreja São José, em 1980, o Manifesto das Mineiras começava com uma poesia anônima da Idade Média e duas manifestantes interpretaram poemas criados para o evento nas escadarias da igreja. Além da participação de Adélia Prado, que tinha recém-lançado o livro "Bagagem", em 1976”, recorda a jornalista e doutora em Letras, pela UFMG, Mirian Chrystus, coordenadora e criadora do QANM.

A partir deste balanço político e estético da forte presença da poesia no Movimento e na relação do feminismo com a Poesia, o QANM convida quatro poetisas para o sarau-debate, na nova edição do Sábados Feministas, na AML. Beth Fleury, Lúcia Afonso, Sonia Queiroz & Thais Guimarães têm em comum o gosto pela poesia desde a infância e também a indignação com as injustiças sociais, transformada em sensíveis e subversivos versos. 

De fato, a descoberta do feminismo veio entrelaçada a questões provocadas pela ditadura militar, a censura e os movimentos de resistência. Mas também a desigualdade entre homens e mulheres, percebida na formação que determina a diferenciação de papeis sociais entre meninos e meninas, moças e rapazes. Na década 1980, a violência contra as mulheres foi sentida e enfrentada como em sílabas literárias rimadas: "uma causa urgente", de caráter insurgente, em pautas cotidianamente intransigentes.

A revista Silêncio, criada por Lúcia Afonso, em 1973, e fechada pela ditadura em 1975, foi um ponto de convergência. Poesias publicadas em revistas, vendidas nos anos 1980, de mão em mão, pelos bares da cidade, em ritmo de militância poética, quase em semelhança ao refrão das lutas contemporâneas “ninguém larga a mão de ninguém”. Mas, transpondo a função do engajamento, faziam questão de destacar a importância da linguagem, da forma, dos versos metrados ou livres, abordando temas do dia a dia das mulheres, sempre tratadas com um olhar irônico e poético.

"Duas coisas se cruzam nesta relação do nosso feminismo com a Poesia”, afirma Mirian Chrystus: “o desejo de tocar as pessoas, que transcenda o argumento racional, isto é, incluindo a sensibilidade, ao buscar uma relação profunda com o fazer literário, como expressão que integra uma manifestação política da forma mais intensa".

As quatro poetisas convidadas para o debate-sarau construíram carreiras profissionais sólidas, cada qual em seu campo de trabalho, porém, nunca abandonaram o fazer poético. Lúcia Afonso foi professora doutora no Departamento de Psicologia da UFMG; Sonia Queiroz professora doutora na Faculdade de Letras da UFMG; Beth Fleury é doutora em Sociologia e pesquisadora na Fiocruz e Thais Guimarães é pesquisadora da expressão poética feminina e profissional conceituada da área Audiovisual. Todas vão emprestar suas vivências poéticas e compartilhar sobre as delícias do feminino e também os sofrimentos causados pela violência de gênero.

SOBRE AS CONVIDADAS

Lúcia Afonso (Maria Lúcia Miranda Afonso)

Nasceu em 09/11/1953, em Minas Gerais. Vive em Belo Horizonte, onde é professora universitária, psicóloga social, psicanalista e poeta, em uma ordem/desordem que varia. Publicou poemas e contos em revistas e coletâneas. Na forma de edições independentes contam-se: Calendário (1986), A experiência poética (1991) e Poemas para antes e depois (1994). Em 1997, o Projeto Poesia Orbital, da Secretaria de Cultura de Belo Horizonte, publicou o seu livro Delicadeza. Em 2002, foi publicado Chama. Por meio do Blog Lucia Afonso, posta, para download gratuito, seus livros de poemas bem como materiais diversos na área de Psicologia Social e Educação em Direitos Humanos.

Sônia Queiroz

Nascida em 1953, é poeta e atuou como professora da Faculdade de Letras da UFMG por 38 anos, com oficinas de criação de textos  de vários gêneros, incluindo a poesia e a narrativa curta - o conto, oral e escrito. Publicou vários livros, entre eles "Pé preto no barro branco: a língua dos negros de Tabatinga", "Palavra banto em Minas" e  "Sacro Ofício", poemas sobre o universo feminino, prêmio Cidade de Belo Horizonte. Foi diretora da Editora UFMG e do Centro Cultural da UFMG. De 2010 a 2014, assumiu a Diretoria de Ação Culltural da UFMG e criou, em 2007, o Laboratório de Edição da Faculdade de Letras da UFMG. Também foi coordenadora do Centro de Memória da Fale, tendo aberto o espaço para exposições de artes visuais e poesias.

Thaís Guimarães

Poeta e escritora para a infância, editora, tem poemas publicados em diversas revistas,  antologias e suplementos literários, entre eles a revista Olympio. Coordenou e ministrou oficinas literárias e de poesia entre 1984 e 2003 para professores da rede municipal. Realizou trabalho de pesquisa bibliográfica sobre a poesia feminina produzida no Brasil, de 1500 a 1930, com o apoio do CNPq. Autora, juntamente com Pedro Paulo Cava, da peça teatral "A honra ou a vida", em 1984, inspirada no julgamento de Márcio Stancioli, assassino de sua mulher, Heloísa Ballesteros. Na área do audiovisual, em que atua, idealizou e foi curadora, em 2015, do recital "Laís", filmado na casa em que viveu a poeta Laís Corrêa de Araújo, produzido pela Rede Minas de Televisão.

Beth Fleury

Socióloga, jornalista e poeta, uma difícil conciliação entre vida profissional e poesia na instituição em que trabalha, há 37 anos, a Fiocruz. No início da sua vivência jornalística, no Rio, em 1982, publicou "Na cor do sangue ", 2⁰ lugar no Prêmio nacional de poesia "100 anos de Augusto dos Anjos". Publicou no "Poesia Sempre", de Afonso Romano de Sant'Anna, e organizou, no I Festival de Inverno de Santa Teresa, o espetáculo "Poesia Acústica". Em 2005, publicou "Palavra Possuída", poemas, base para um espetáculo teatral dirigido por Pedro Paulo Cava. Também publicou, em 2015, juntamente com Stela Meneghel, o Dicionário da Infâmia, acolhimento e diagnóstico de mulheres em situação de violência, pela editora da Fiocruz.

Instituto Unimed-BH

Completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos, abrangendo cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

Palestra: “Poesia & Feminismo: Um debate-sarau sobre a poética das mulheres”

Poetisas Convidadas: Beth Fleury, Lúcia Afonso, Sonia Queiroz & Thais Guimarães

Quando: 21 de setembro/2024

Horários: 9h30 abertura dos portões - 10h início da palestra -

Onde: Auditório da Academia Mineira de Letras. Rua da Bahia, 1466. Belo Horizonte 

Entrada gratuita sujeita à lotação de espaço

Mais informações: amletras no Instagram 

Use máscara cobrindo a boca e o nariz. Se cuide!

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