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| Foto: Flávio Charchar |
“Aptá”, um trabalho de dança-teatro que une movimento, palavra e silêncio para explorar relações humanas, estreia de 22 a 25 de agosto, quinta a domingo, no Teatro Raul Belém Machado, em Belo Horizonte. O espetáculo é idealizado pelo dançarino Bernardo Gondim, que divide a dramaturgia com a diretora Anamaria Fernandes. A criação procura explorar as relações entre Bernardo e seu filho, Manoel, que está dentro do espectro autista. A montagem também perpassa pela conexão com o seu pai, falecido durante o processo de criação deste trabalho, fechando o ciclo entre três gerações: avô, pai e filho. “Aptá” traz experiências de comunicação inerentes ao contexto geracional, da atipicidade de comportamento, marcando o encontro entre o dançarino e seu filho, entre o dançarino e seu próprio pai.
Bernardo conta que a peça alterna entre diferentes pólos. “Está no lugar entre pai e filho, entre o mundo padronizado e o de uma criança atípica, que tem um outro olhar, outra percepção, outra reação, outras expectativas, outras angústias, outra forma de ver o mundo”. Ele explica que, ao refletir acerca da relação com o seu próprio genitor, acabou se tornando uma figura paterna mais forte. Nesse sentido, “Aptá” apresenta também um diálogo entre diferentes gerações e reflete sobre o âmbito familiar.
Destaca-se ainda a combinação entre dança e teatro, já que o trabalho apresenta elementos da pesquisa de movimento e, ao mesmo tempo, valoriza a palavra dita e escrita. De acordo com diretora Anamaria Fernandes, a peça apresenta uma estética própria: “Sozinho no palco, Bernardo entrelaça voz e movimento, traz para a cena sua escrita , criando um espaço cênico poético que perpassa por diferentes temporalidades e territórios”.
REFLEXÕES SOBRE O ESPECTRO AUTISTA
"Aptá" traz uma reflexão sobre a experiência do hiperfoco no autismo, utilizando os interesses de Manoel para a composição da estrutura do espetáculo. A peça traz um objeto de interesse do pequeno Manoel, a partir do qual o espetáculo foi inteiramente estruturado. Em cena, são muitos carrinhos que desenham e proporcionam diferentes espaços poéticos que abarcam, além dos pontos colocados, características específicas de Manoel e de outras pessoas dentro do Espectro, como a questão dos estímulos sensoriais. Bernardo Gondim destaca a relevância da discussão sobre o autismo, em especial a partir de uma visão que não seja voltada para um resultado direto de lucro. "Acho que é bem-vinda qualquer discussão que traga um outro olhar mais humano e que ressignifique os espaços", afirma. O artista conta, ainda, que a falta de tempo e espaço para o comportamento atípico na sociedade o motivou a idealizar a peça.
A diretora Anamaria Fernandes reforça a importância de se pensar na diversidade dessa condição. "É um espectro grande e diverso. É também um lugar outro de estar no mundo, e trazer isso para arte é uma forma de sensibilizar o público para questão do autismo de maneira poética e sensível." Ela também lembra que o trabalho foi inspirado em focos de interesse do pequeno Manuel, assim como características de outras pessoas do espectro.
No que diz respeito ao nome do espetáculo, Bernardo Gondim explica que “Aptá” era a denominação que Manoel utilizava para se referir a si mesmo quando era mais novo. O nome, portanto, representa a reinvenção de uma criança neurodivergente em meio a uma sociedade que ainda privilegia a tipicidade. “Aproveitando a etimologia de sua versão 'masculina’, apto é o cerne da questão de uma criança neurodivergente dentro das expectativas de uma sociedade que recebe e aceita o que está dentro da tipicidade de comportamento. O que não é típico não está apto. E o que dizer de uma criança que se chama de 'Aptá'? Ela não só não está apta, como também se inventa, em outra forma de ser, de estar no mundo”, destaca Gondim. Já no dicionário, a palavra designa uma árvore intertropical, cuja casca se emprega na fabricação de cordas na Índia.
“Aptá” é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte (LMIC - projeto 0725/2023).
SINOPSE
“Aptá” é um trabalho de dança-teatro, construído por Bernardo Gondim (bailarino) e Anamaria Fernandes (diretora) e que traz o pensamento do corpo via movimento, palavra e silêncio. A criação procura explorar as relações entre Bernardo e seu filho, Manoel, que está dentro do espectro autista, mas também perpassa por conexões entre três gerações: avô, pai e filho, trazendo experiências de comunicação inerentes ao contexto geracional e via tipicidade e atipicidade de comportamento. Podemos dizer que “Aptá” marca o encontro entre o dançarino e seu filho, entre o dançarino e seu próprio pai.
FICHA TÉCNICA
Bernardo Gondim - dança, texto e dramaturgia/ Anamaria Fernandes - direção e dramaturgia/ Lívia Espírito Santo - assistência de direção / Cris Moreira - coordenação de produção, edição de vídeo e voz em off/ Clara Bastos - produção executiva/ Fabiana Brasil - assistência de produção/ Tiago Macedo - design e trilha sonora original/ Thálita Motta - figurino, cenário e ideia do nome/ Marina Arthuzzi - desenho e operação de luz/ Ana Carolina Nicolau - coordenação de comunicação e gestão de redes sociais/ Jozane Faleiro - Luz Comunicação - assessoria de imprensa/ Laís Gouvêa e Mariana Borges - captação de imagens do vídeo/ Flávio Charchar - registro fotográfico e videográfico/ Mila Conde | La Sala - professora de dança flamenca
“Aptá”, com Bernardo Gondim
Datas: 22 a 25 de agosto de 2024
Horários: Quinta a sábado, às 20h; domingo, às 16h
Local: Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado (R. Jauá, 80, Alípio de Melo, Belo Horizonte - MG)
Ingressos: R$ 20,00 (inteira); R$ 15,00 (promocional); R$ 10,00 (meia). Disponíveis no Sympla
Mais informações no Instagram: bernardo.gondim
Acessibilidade:
- Sessão com audiodescrição: 24 de agosto, sábado, às 20h
- Intérprete de libras: em todas as sessões e para o bate-papo com o público
Observação: Após cada apresentação, haverá um bate-papo com o público.
Use máscara cobrindo a boca e o nariz. Se cuide!
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