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Poderão participar do Prêmio Solano Trindade 2024 brasileiros ou estrangeiros com residência regular no Brasil, maiores de 18 anos e autodeclarados afrodescendentes. Cada proponente poderá inscrever um único trabalho original, inédito, no idioma português, não editado sob qualquer meio e não encenado profissionalmente. O edital completo, com as instruções para a inscrição, está disponível no site spescoladeteatro. A Comissão de Seleção será composta por três pessoas, sendo dois profissionais com notória experiência na área teatral e com conhecimento em estudos e debates sobre negritude, contratados para esta finalidade, e um representante da Adaap, que será nomeado pelo Diretor Executivo e responderá pela coordenação dos trabalhos. O resultado será divulgado em 1º de setembro de 2024, no site da SP Escola de Teatro. Os três selecionados terão suas dramaturgias publicadas em livro no final de 2024, pelo Selo Lucias, projeto editorial da SP Escola de Teatro e da Adaap.
Sobre Solano Trindade
Poeta, ator, teatrólogo, pintor e ativista brasileiro, Solano Trindade (1908-1974) é reconhecido por sua contribuição à cultura afro-brasileira e pelo seu engajamento social e político. Nascido em Recife, Pernambuco, em 24 de julho de 1908, desde cedo, mostrou interesse pelas artes e pela cultura popular brasileira, especialmente a de origem africana. Trindade foi um dos pioneiros na valorização da cultura negra no Brasil. Em 1936, publicou seu primeiro livro de poesias, "Poemas de uma Vida Simples", já com forte influência da temática social e racial. Suas poesias abordavam questões de desigualdade, racismo e a luta pela valorização da cultura afro-brasileira. Outros livros importantes incluem "Seis Tempos de Poesia" (1958) e "Cantares ao Meu Povo" (1961).
No teatro, criou o Teatro Popular Brasileiro (TPB), grupo formado por operários, domésticas e estudantes. Atuou em peças que retratavam a vida e a cultura do povo negro e foi um dos primeiros a levar essas histórias para o palco de forma autêntica. Na dança, é o responsável pela criação, em meados dos anos 50, do grupo Brasiliana, reconhecido no Brasil e em temporadas no exterior. Além de sua atuação artística, Trindade foi um fervoroso ativista social. Participou de movimentos pela igualdade racial e pela valorização da cultura afro-brasileira. Organizou e participou de congressos e eventos que discutiam a questão racial no Brasil, sempre buscando formas de combater o racismo e promover a inclusão social.
Dramaturgias premiadas em 2023 saem em livro em julho
Na quinta-feira (25 ), às 19h, Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana, a SP Escola de Teatro lança no hall da Unidade Roosevelt a coletânea dos três textos premiados na edição 2023 do prêmio. Os vencedores foram:
– Mariana Ozório Lacorte (Belo Horizonte), com o texto “estado de guerra: uma dramaturgia do fim do mundo”;
– Luciana Aline Aparecida Ribeiro Silva (São Paulo), com o texto “VINTE E TRÊS: [encruzilhada no tempo: cênico, da memória e da realidade]”;
– Djalma Ribeiro da Silva Júnior (São Paulo), com o texto “A Goteira”.
A comissão julgadora de 2023 foi composta por Miguel Arcanjo Prado, coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da Escola, Denilson Tourinho (Ator e doutorando em Educação pela UFMG) e Viviane Pistache (Roteirista e doutora em Educação pela USP).
O evento é gratuito e terá distribuição gratuita do livro. Além disso, o lançamento contará às 21h com o espetáculo de dança gratuito “NumCorre”, com direção de Rafael Oliveira; dança de Alex Araújo, Fernando Ramos, Lion Lourenço, Juliana Farias, Rafael Oliveira e Talita Bonfim; músicas de Wesley Bahia e Duda Christina; e poemas de Juliana Jesus Kenyt.
Outras edições do prêmio
A primeira edição do prêmio, em 2020, resultou na publicação das três dramaturgias em 2021: “Guerras Urbanas’, de Camila de Oliveira Farias, do Rio de Janeiro, “Como Criar para um Corpo Negro sem Órgãos?”, de Lucas Moura, de São Paulo, e “Medeia Homem”, de Robinson Oliveira, do Rio Grande do Sul. A segunda edição, em 2021, resultou na publicação das três dramaturgias em 2022: “Atropelo”, de Amanda Carneiro (São Paulo/SP), “Limiar ou Primeiro Impulso que Algo Aconteça”, de Amanda Pessoa (Dourados/MS) e “Piscinas: um Estudo Sobre Águas”, de Mariana Ozório (Belo Horizonte/MG). A terceira edição, em 2022, resultou a publicação das três dramaturgias em 2023: “Cantata descontínua das águas pluviais”, de Daiany Nayara (Porangatu – GO); “Diário Negro”, de Apollo Faria São Paulo – SP); e “Tá Falantando Iemanjá!”, de Lu Varello (Rio de Janeiro – RJ).
Sobre o Selo Lucias
É uma iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP). Tem como programa editorial a publicação de livros no campo das artes (teatro, dança, cinema e literatura), da pedagogia, das ciências sociais e da psicanálise. Homenageia, na raiz de seu nome, a professora, jornalista e gestora cultural Lucia Camargo (1944-2020), que foi coordenadora da Escola, e o expande ao plural, pela vocação da ADAAP pela coletividade e pelo múltiplo. O grupo que compõe a coordenação editorial do selo é composto por Ivam Cabral (diretor executivo), Beth Lopes, Elen Londero e Marcio Aquiles. Entre as publicações do Selo Lucias, estão os volumes “Teatro de Grupo” e “Teatro de Grupo em Tempos de Ressignificação” e os livros “Memórias do Cine Bijou” (Marcio Aquiles), “Athos Abramos - O Crítico Reencontrado” (Alcione Abramo e Jefferson Del Rios - Org.) e três volumes do Prêmio Solano Trindade de dramaturgias negras.
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