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Duas cartas de amor na era da ética
O confinamento dos corpos na pandemia, como em um exílio do mundo, não deixou de exigir trabalho, produção e consumo. O enquadramento do capital tecnológico e da tecnologia capitalista reinventou-se uma vez mais e, após a pandemia, aparece de modo nítido – por exemplo, no avanço da dita “inteligência artificial” que, se ameaça substituir o saber humano, é apenas porque tal saber já se perdeu no que Hannah Arendt chamava de vida do espírito.
Dois breves ensaios no século XXI parecem encontrar brechas para experimentar a mutação sem apenas sucumbirem a ela: Carta a D.: Uma história de amor, de André Gorz, de 2007, que narra a relação do autor com sua mulher e como ela enfrenta duas doenças de modo pessoal perante recomendações genéricas do que chama de “tecnomedicina”; e A conjuração dos losers, de Paul B. Preciado, de 2020, que expõe as preocupações do autor com o que chama de “vida depois da grande mutação” ao ser contaminado com o novo coronavírus no começo da pandemia. Nos dois casos, o amor faz aparecer narrativas nas quais o espaço (individual e partilhado) e o tempo (passado e futuro) são experimentados a contrapelo da homogeneidade indiferenciada da técnica nua, deixando corpo, mundo e espírito se articularem de um modo que lhes é próprio e único.
Duarte é professor-doutor de filosofia na PUC-Rio e editor da revista "O que nos faz pensar". Com experiência internacional, atuou como professor visitante nas universidades Brown (EUA) e de Södertörns (Suécia). Autor de obras como "Estio do tempo: Romantismo e estética moderna" e "A palavra modernista: vanguarda e manifesto", ele está atualmente preparando o livro "Tropicália ou Panis et circensis" para a coleção "O livro do disco". Pedro Duarte também coordena grupos de pesquisa em estética e arte, além de ter contribuído em diversas coletâneas. Sua atuação acadêmica e suas publicações refletem seu papel relevante no campo da filosofia e estética.
Sempre um Papo – 37 anos
Criado em Belo Horizonte, em 1986, pelo jornalista Afonso Borges, o Sempre Um Papo é um projeto cultural que realiza encontros entre importantes nomes da literatura e personalidades nacionais e internacionais com o público, ao vivo, em auditórios e teatros – ou de forma digital, pelo canal no YouTube. Ao longo de sua trajetória, o projeto já aconteceu em 30 cidades e promoveu mais de 8 mil eventos, que reuniram um público superior a 2 milhões de pessoas.
O Sempre Um Papo é viabilizado através do patrocínio do Instituto Cultural Vale e Cemig, via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Minstério da Cultura. O Ciclo de Debates “Mutações” é realizado pelo Artepensamento e o Sesc, com o apoio institucional da Embaixada da França no Brasil. Apoio cultural da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, Circuito Liberdade, Minas Literária, Descentra Cultura e Secretaria de Estado da Cultura e Turismo de Minas Gerais.
Pedro Duarte participa do ciclo de debates “Mutações”, no Sempre Um Papo
Dia 10 de agosto, quinta-feira, às 19h30
Local: Teatro José Aparecido de Oliveira (Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais – Praça da Liberdade, Belo Horizonte)
Informações: www.sempreumpapo.com.br
Use máscara cobrindo a boca e o nariz. Se cuide!
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