Translation

segunda-feira, 3 de junho de 2019

CCBBBH - Estreia nacional de ‘Macunaíma – Uma rapisódia musical’

Montagem fica em cartaz até julho na capital mineira
Foto: Silvana Marques
Mário de Andrade concebeu ‘Macunaíma’ (1928) como uma rapsódia, ao costurar e recriar fragmentos de histórias, mitos e lendas indígenas. A narrativa épica, com farto uso de linguagem oral, virou uma espécie de símbolo da identidade cultural brasileira desde então. Após enveredar pela obra de Ariano Suassuna no premiado ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, a companhia Barca dos Corações Partidos resolveu se debruçar sobre este clássico modernista em seu novo espetáculo. A produtora Andrea Alves, idealizadora do projeto, fez o convite para Bia Lessa – que acabara de arrebatar plateias com ‘Grande Sertão: Veredas’ – assinar a direção da empreitada. As duas potências artísticas vão se encontrar no palco do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Belo Horizonte a partir de 28 de junho. O projeto tem patrocínio do Banco do Brasil e copatrocínio da Cateno, de Furnas e da BB Seguros.
Além do elenco da Barca, formado por Adrén Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Fábio Enriquez, Eduardo Rios, Renato Luciano e Ricca Barros, a encenação terá seis artistas escolhidos por testes (Ângelo Flávio Zuhalê, Hugo Germano, Lana Rhodes, Lívia Feltre, Sofia Teixeira e Zahy Guajajara) e o músico Pedro Aune. O processo criativo durou sete meses, entre concorridas audições, oficinas, encontros, leituras e os ensaios propriamente ditos. 
Traço marcante em todos os trabalhos da companhia, a música terá lugar de destaque na montagem, ainda que esteja inserida de maneira bem diferente do habitual. A concepção de Bia Lessa se distancia do musical tradicional e segue um fluxo que a diretora prefere associar à estrutura de uma ópera. Além de canções originais, a Barca musicou alguns trechos da adaptação. A direção musical, assinada mais uma vez por Alfredo Del-Penho e Beto Lemos, contou com a música adicional do duo O Grivo.
O desafio de adaptar o mítico texto para os palcos ficou a cargo da escritora Verônica Stigger, que tem no currículo – além cinco premiados livros e duas incursões pelo teatro – a curadoria de uma exposição fotográfica do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro focada na etnologia indígena. A proposta era se manter fiel ao original, mas também transpor suas palavras para o conceito da encenação. Ao longo do período de ensaios, a dramaturgia foi sendo modificada e ganhando novas formas, em um grande processo colaborativo.
O projeto tem patrocínio do Banco do Brasil, e copatrocínio da Cateno, Furnas e BB Seguros.
Este novo ‘Macunaíma’ nasce da fricção entre duas forças teatrais. De um lado, Bia Lessa, renomada encenadora surgida nos anos 80 cujo hiato de uma década fora dos palcos foi rompido com o estrondoso sucesso de ‘Grande Sertão: Veredas’, vencedor dos prêmios APCA (Direção), Shell (Direção e Ator), Bravo (Melhor Espetáculo) e Faz Diferença (Bia Lessa). Do outro, a Barca dos Corações Partidos, grupo que se reuniu em 2012 e deu grande passo em sua trajetória ao levar para a cena mais um grande ícone da cultura brasileira, Ariano Suassuna, inspiração para ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, que recebeu os prêmios APCA (Melhor Espetáculo), Cesgranrio (Espetáculo, Direção Musical, Ator), Shell (Música, Autor) e APTR (Música, Autor, Ator Coadjuvante, Figurino).
Andrea Alves, idealizadora do projeto e produtora da Barca desde a fundação, pensou em promover este encontro justamente para trazer uma nova linguagem e um singular processo de criação para a companhia. Bia Lessa encontrou no grupo a disponibilidade que precisava para encenar uma obra tão complexa e distante do realismo:
‘O ‘Grande Sertão’ é um texto reflexivo, a palavra era muito importante, tinha grandes monólogos. Agora, com o ‘Macunaíma’, a ação toma conta de tudo. Em cada parágrafo, Mário de Andrade descreve mil eventos, é uma grande colcha de retalhos, um painel’, analisa a diretora, ressaltando que a atualidade, o frescor e a capacidade de provocação da escrita modernista do autor permanecem até hoje, mais de noventa anos após a sua publicação.
 ‘Macunaíma’ foi escrito a partir do estudo de mitos e lendas dos índios taulipang, arecuná e macuchi, no extremo Norte do Brasil, recolhidos pelo etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg e publicados em 1924 em ‘De Roraima até o Orenoco’. Ao abandonar a estrutura realista, Mário de Andrade transita com seu protagonista por vários estados do país e constrói, de maneira simbólica, um retrato da formação cultural brasileira. 
Assim como no livro, a peça retrata a saga de Macunaíma desde o nascimento, em uma tribo na Amazônia, e passa por momentos definitivos em sua vida: a relação com a família, a paixão e a ida ao Sudeste em busca do Muiraquitã, espécie de amuleto que recebeu da amada. Entre encontros com deuses, mitos e monstros, o personagem passa por aventuras e transformações até retornar à tribo natal. Conhecido pelo epíteto de ‘herói sem nenhum caráter’, Macunaíma não seria um personagem mal caráter, mas alguém sem caráter definido, com atitudes inesperadas, cuja maioria das ações é movida por um certo prazer mundano. 
Sinopse / resumo
‘Macunaíma’, de Mário de Andrade, ganha nova montagem da companhia Barca dos Corações Partidos. A encenação de Bia Lessa propõe uma reflexão sobre a vida contemporânea, transformando o texto em uma rapsódia musical. O espetáculo parte da permanente atualidade da obra mais característica do Modernismo brasileiro: da sua capacidade de ainda provocar espectadores, mais de noventa anos depois de sua criação. Por trás da comédia aparente, estamos diante de uma personagem trágica que resume muitos dos impasses do Brasil contemporâneo. Afinal, Macunaíma é, ao mesmo tempo, um índio e um quilombola que se vê, por força das circunstâncias, deslocado para a cidade grande, onde tudo é diferente e assustador. É também um sobrevivente: ao voltar para sua querência, descobre que essa foi dizimada. Não há mais lugar para ele no mundo. Talvez não haja mais mundo.
A Barca dos Corações Partidos:
A Barca dos Corações Partidos se formou após a montagem de ‘Gonzagão – A Lenda’ (2012), que rodou o Brasil por cinco anos em dezenas de cidades e centenas de apresentações. O tributo a Luiz Gonzaga foi sucedido por uma nova montagem da emblemática ‘Ópera do Malandro’ (2014), de Chico Buarque. O terceiro espetáculo da trupe, ‘Auê’ (2016), usou como dramaturgia uma safra de canções inéditas compostas pelos próprios integrantes e misturava linguagens como teatro, show, circo e recital. Em 2017, a Barca comemorou os 90 anos de Ariano Suassuna com ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, texto inédito de Bráulio Tavares, com direção de Luiz Carlos Vasconcellos e músicas compostas especialmente pelo grupo em parceria com Chico César. O musical rendeu dezenas de troféus nas mais importantes premiações teatrais do país. Produtora das quatro montagens, Andrea Alves foi também a idealizadora dos projetos.
FICHA TÉCNICA
MACUNAÍMA – Uma Rapidósia Musical, de Mário de Andrade
Encenação: Bia Lessa
Com a Barca dos Corações Partidos (Adrén Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Renato Luciano, Ricca Barros) e Ângelo Flávio Zuhalê, Hugo Germano, Lana Rhodes, Lívia Feltre, Pedro Aune, Sofia Teixeira e Zahy Guajajara (artistas convidados).
Adaptação: Verônica Stigger
Direção musical: Beto Lemos e Alfredo Del-Penho
Música adicional: O Grivo
Direção de Produção: Andrea Alves
Iluminação: Paulo Pederneiras 
Desenho de som: Gabriel D'angelo e Felipe Malta
Figurino: Bia Rivato, Maira Himmelstein e Sylvie Leblanc
Programação visual: Beto Martins
Patrocínio: Banco do Brasil
Copatrocínio: Cateno, Furnas e BB Seguros
Realização: Sarau Agência de Cultura Brasileira e Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
Centro Cultural Banco do Brasil / BH 
De 28 de junho a 14 de julho
Quinta a segunda, às 20h
*Sessão extra com acessibilidade dia 03 de julho
Classificação etária: 18 anos
Duração: 180 minutos
Local: Teatro I – CCBB BH - Praça da Liberdade, 450 - Funcionários – Belo Horizonte (MG) - Capacidade: 264 lugares
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia entrada) 
Clientes Banco do Brasil pagam meia-entrada
Venda de ingressos: bilheteria do teatro | site www.eventim.com.br | app eventim
Mais informações pelas redes sociais e site do CCBB BH:
(twitter)/@ccbb_bh | (facebook)/ccbb.bh | (instagram)/@ccbbbhSite: bb.com.br/cultura
Mais informações pelos telefones: (31) 3431-9400 I (31) 3431-9503
Ouvidoria BB 0800 729 5678
Deficiente auditivo ou de fala 0800 729 0088
Obs: O CCBB BH não tem estacionamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário