Foto: Niura Bellavinha |
Criada pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, a Escola Guignard celebra seus 80 anos em 2024. Conhecida pelo seu método que difere do academicismo de outras escolas de arte, a instituição foi responsável por diversos artistas. Como forma de homenagear esse legado, o Palácio das Artes apresenta a exposição “Quando atitudes se tornam escola”, de 8 de dezembro de 2024 a 23 de março de 2025. A proposta faz parte da programação das comemorações dos 80 anos da Escola Guignard, dentro do projeto desenvolvido pela Fundação Clóvis Salgado, “80 e Sempre”. Com curadoria de Júlio Martins, curador, historiador e professor da escola, as obras serão expostas nas Galerias Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e na Galeria Aberta Amilcar de Castro. Serão apresentadas mais de 90 obras de artistas de todas as épocas do instituto. A entrada é gratuita.
A mostra traz um panorama da criação dos artistas desde 1962 até os artistas atuais. As peças serão exibidas em dois momentos intitulados: “Estação 1” e “Estação 2”. A curadoria de Júlio Martins propõe que o público adentre os ateliês da escola em dois momentos, sendo o primeiro quando ela ocupava o local onde hoje são as galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta, e a segunda, no prédio projetado pelo arquiteto Gustavo Penna, no Mangabeiras. Dessa forma, o visitante poderá apreciar obras de diferentes gerações como se estivessem todas na mesma “sala de aula”.
A exposição “Quando atitudes se tornam escola” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. A ação é viabilizada por meio do Termo de Fomento 010/2024 entre a Fundação Clóvis Salgado e a Prefeitura de Nova Lima, pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LEIC) e pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo.
Outros aspectos da escola – Após explorar a primeira geração da escola e a própria produção do pintor Alberto da Veiga Guignard na exposição “A Paixão Segundo Guignard”, o Palácio das Artes apresenta a instituição sob outro ângulo. Tendo como marco o ano de 1962, a mostra captura o período após a morte do pintor e fundador e procura entender os desdobramentos que isso gera nas obras produzidas nesse espaço a partir de então. Além disso, a arte contemporânea passa por um processo transformador nesse período, uma vez que vivia-se o pós guerra.
Tratando-se de um recorte de 62 anos, a proposta traz as produções de professores, artistas e alunos que apresentam ao público parte da história da arte em Minas Gerais e em Belo Horizonte. Segundo Júlio Martins, o projeto curatorial prezou pela representação de todas as décadas, sem classificá-las como mais ou menos importantes entre si. “Me pareceu importante reunir esses artistas sem critérios de qualidade ou qualquer hierarquia. Para mim, como curador, foi muito importante trazer obras de todos os professores que deram aula nesse período. Além disso, também acho que é importante ter representatividade de todas essas décadas. Dessa forma, nós temos artistas dos anos 60, 70, 80, 90 até 2024, todos trazendo ali um dado real, de gerações, de poéticas muito diversas e que atravessam esse tempo todo. Foi importante ter uma amostragem da diversidade da escola e de sua produção ao longo do tempo, como ela se modificou, como ela foi seguindo, como ela também dá a ver os rumos da própria arte brasileira”, pontua o curador.
A liberdade enquanto princípio – O método de ensino aplicado pelo pintor é um grande marco da instituição desde a sua origem. Guignard nomeou de “educação do olhar” essa didática, que permite que o artista construa a sua própria linguagem em seu fazer artístico. Essa abordagem é contrária à rigidez da tradição acadêmica. Para o curador da exposição “Quando atitudes se tornam escola”, esse é o maior legado deixado pelo artista para seus alunos. Júlio ressalta que essa herança pode ser visualizada nas peças em exposição nas galerias.
“Eu penso que vai ser visível, por exemplo, como que o desenho, como o rigor da linha em Guignard, vai encontrar trânsitos, vai encontrar resoluções, vai encontrar linguagens artísticas que metabolizam isso. Quer dizer que, ao mesmo tempo que se valem desse legado, também propõe desdobramentos, avanços e diferenças a partir dele. Mas, a escola em si, o seu ensino, sabe conciliar bem o que sejam as disciplinas do desenho e o fazer artístico com as demandas da arte contemporânea. Isso é importante para ver o devido histórico dessas ideias modernas, como, por um lado, percebemos ainda uma ligação e, por outro, uma ruptura. A escola soube conciliar esse desafio”, afirma.
Apesar da longevidade da instituição, para Júlio, o projeto pedagógico de Guignard se tornou parte indissociável da mesma, atravessando as décadas e marcando as diferentes gerações de alunos. “Os artistas não passam incólumes ao grande ateliê livre que Guignard estabeleceu. Essa ideia é importante, a de que a escola é um ateliê livre, tendo grande relevância tanto para o contexto moderno, nesse primeiro momento, quanto para o período contemporâneo, que é o da exposição”, argumenta o curador.
Várias épocas, um único ateliê – As obras selecionadas ficarão dispostas em duas estações: “Estação 1” e “Estação 2”. A primeira tem como protagonista a arquitetura e o espaço onde o pintor ministrava suas aulas, em contraste com o que ele é agora, as galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta. Dessa forma, propõe-se um olhar atencioso para a transformação provocada pelo tempo e as memórias resultantes disso. Para tal, a estação traz uma exposição mais silenciosa, focando na experiência de revisitar a escola, mas em sua formação atual. Além disso, ela também traz histórias de importantes artistas e professores, homenageando alguns deles, como Lotus Lobo, Kiyoshi e Ana Quirino.
Na segunda estação, o visitante passa de um lugar mais silencioso para outro mais povoado, podendo observar obras de todos os professores da Guignard do período em que a curadoria se debruçou. Essas produções dividem espaço com o trabalho de ex-alunos importantes e alunos ainda matriculados na instituição, instigando no público a ideia de que todos partilham algo em comum, em meio à diversidade de linguagens possibilitadas no instituto. “Vamos ter também um frescor de alunos de quarto e sexto períodos, que estarão presentes na exposição, representando com muita vivacidade aquilo que há de mais jovem na produção da escola, todos convivendo nessas diferentes temporalidades, nessas diferentes poéticas, nessas diferentes linguagens. Mas, tudo isso vai conviver em um mesmo espaço, dando uma amostragem de toda essa diversidade de produção artística que ela foi capaz de proporcionar”, define o curador.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todas as pessoas.
Exposição “Quando atitudes se tornam escola”
Datas: 08/12/2024 a 23/03/2025
Abertura: 7 de dezembro (sábado), às 11h
Horário: terça a sábado de 09:30h às 21:00h e domingo de 17h às 21h.
Local: Galerias Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e Galeria Aberta Amilcar de Castro
(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Informações para o público: (31) 3236-7307
Use máscara cobrindo a boca e o nariz. Se cuide!
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