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domingo, 13 de outubro de 2024

Ópera “Nabucco” retorna ao Palácio das Artes em Belo Horizonte

Apresentação no Santuário da
Piedade emocionou o público 
Foto: Ricardo Bello
Nova encenação da obra-prima de Giuseppe Verdi tem direção musical e regência de Ligia Amadio, com concepção e direção cênica a cargo de André Heller-Lopes e participação do Coral Lírico e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais; grandes nomes do canto erudito compõem o elenco

Ópera “Nabucco”

Datas: 17, 19, 21 e 23 de outubro de 2024

Hora: 20h  

Local: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes

(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)

Classificação indicativa: 10 anos

Ingressos a R$50,00 a inteira e R$25,00 a meia-entrada, à venda na bilheteria do Palácio das Artes e na plataforma Eventim

 Os ingressos estão esgotados pra todas as sessões 

Informações para o público: (31) 3236-7307 

O horror e o inominável inspiram a beleza? Guerras, revoluções, destruição, violência, morte e o crime mais hediondo – a escravidão do homem pelo homem – sempre inspiraram obras-primas, em todas as artes. Impecável e mais recente exemplo é a nova ópera da Fundação Clóvis Salgado (FCS), no Palácio das Artes: “Nabucco” (1842), do compositor italiano Giuseppe Verdi (1813-1901). Depois de uma primeira montagem em 2011 – que encantou mais de 10 mil pessoas, em seis récitas e dois ensaios –, a nova produção retorna a Belo Horizonte. Desta vez, a ópera teve antes uma apresentação especial em um dos principais pontos turísticos, culturais e religiosos de Minas Gerais.

“Nabucco” foi encenada neste domingo (13(, em versão reduzida, na Serra da Piedade, em Caeté. A pré-estreia, com a participação do Coral Lírico de Minas Gerais (CLMG), de seu pianista Fred Natalino, da flautista Nara Franca (da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais) e dos solistas Rodrigo Esteves, Eiko Senda, Sávio Sperandio e Cristiano Rocha, teve regência da maestra Ligia Amadio e direção cênica a cargo de André Heller-Lopes, ambos também responsáveis pela temporada no Palácio das Artes. Realizada dentro da Basílica da Piedade – Ermida da Padroeira de Minas, com narração de Cláudia Malta (diretora artística da FCS) e telões do lado de fora, a récita emocionou o público. Agora, “Nabucco” estreia na íntegra, no Palácio das Artes, com grande elenco e os corpos artísticos completos. As récitas acontecem dias 17, 19, 21 e 23 de outubro, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. Os ingressos estão esgotados. 

Como outras inusitadas e originais pré-estreias das óperas da FCS, a Serra da Piedade, foi escolhida, segundo o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, por abrigar “avenerada padroeira de Minas Gerais em nosso Monte Sião. Lá, onde a terra toca o céu e as montanhas guardam séculos de fé, cultura e história, nos reunimos para uma jornada pela grandiosidade da música e da espiritualidade”.

Ainda segundo Leônidas Oliveira, “no Antigo Testamento, o Monte Sião se ergue como símbolo do encontro divino, o lugar onde a graça e a misericórdia de Deus se manifestam. Na Serrada Piedade, emoldurada pela beleza natural e pela devoção que há séculos aqui floresce, encontramos o Monte Sião mineiro, espaço onde a natureza e o espírito humano se encontram em perfeita harmonia. A ópera Nabucco, nos transporta à antiga Babilônia, retratando o drama do povo de Israel sob a perseguição de Nabucodonosor. Monte Sião e Babilônia se entrelaçam na história humana, conectados pela dor da conquista e pela esperança indestrutível de um futuro melhor. Nas alturas da Serra da Piedade foi amplificada a mensagem de resistência, fé e redenção”.

Mas por que “Nabucco” numa hora dessas? Porque Liberdade sempre, ainda que tardia. Além de um clássico do repertório internacional e uma das óperas mais executadas em todos os tempos, “Nabucco”, 182 anos depois, tratando a escravidão nos tempos bíblicos, continua atual. Se a escravidão foi e continua sendo o maior crime contra a Humanidade, aquela cometida contra crianças, principalmente a escravidão sexual, é ainda mais abominável. O filme “Som da Liberdade” (2023), de Alejandro Gómez Monteverde, é um tratado sobre o tema. O sucesso mundial, baseado em uma história real, termina com informações chocantes, que concordam com as estatísticas levantadas pela Organização Internacional do Trabalho: “O tráfico humano é um negócio que gera 150 bilhões de dólares por ano. Existem mais humanos em situação de escravidão atualmente do que em que em qualquer outra época da história, incluindo quando a escravidão era legalizada. Milhões destes escravizados são crianças”. O Brasil também faz parte desta nefasta estatística.

A ópera “Nabucco” é realizada pelo Ministério da Cultura,Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Fundação Clóvis Salgado e Instituto Unimed-BH. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio.

O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 32 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo.

Junção de talentos – Originalmente, “Nabucco” é uma ópera em quatro atos, de Verdi, com libreto de Temistocle Solera, baseado em Nabucodonosor (1836), drama de Auguste Anicet-Bourgeois e Francis Cornu, apresentada dia 9 de março de 1842, no Teatro La Scala, de Milão, na Itália. Para o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, “‘Nabucco’ traz de volta à cena um dos principais espetáculos operísticos da História e também uma das maiores e mais exitosas montagens da Fundação Clóvis Salgado. A opção por ‘Nabucco’ resgata este grito de Liberdade pela qual tanto precisamos lutar a cada dia da nossa existência. Por isso, a atualidade de ‘Nabucco’, um convite à reflexão sobre nosso tempo e também uma maravilhosa produção da FCS”.

Nabucodonosor é muito mais que um “trava-línguas”. Nabucodonosor II, rei da Babilônia (605-562 a.C.), filho de Nabopolassar, conquistou a Palestina, tomou Jerusalém em 586, deportou e escravizou os hebreus na Babilônia. Fez executar, com trabalhos forçados, importantes construções, sendo, a mais famosa e uma das Sete Maravilhas do Mundo, os Jardins Suspensos da Babilônia. Guerreiro herói para seu povo, cruel algoz para os conquistados. “Acho maravilhoso e muito importante rever esse título tão popular e emblemático de Verdi. Suas óperas enriquecem a Arte, em especial o repertório do Palácio das Artes. Nesta nova temporada teremos praticamente o mesmo elenco de 2011, introduzindo Giovanni Tristacci e Denise de Freitas que, ao lado de Eiko Senda e Rodrigo Esteves, estarão nos papéis principais. Se a Liberdade tivesse um perfume e um sabor, o nome deles seria ‘Nabucco’”, reforça o convite a diretora artística da FCS e diretora geral de montagem, Cláudia Malta.

À época da estreia, estando a Itália sob ocupação austríaca, a população milanesa identificou-se com o episódio da escravidão dos hebreus na Babilônia. Principalmente no célebre “Coro dos Escravos Hebreus”, no terceiro ato (Va, pensiero, sull'alli dorate/ “Vai, pensamento, sobre asas douradas”), espécie de música-símbolo do nacionalismo italiano. Um hino à liberdade que, por diversas vezes foi proposto como Hino Nacional da Itália. Para Giuseppe Verdi e o público que descobria suas óperas, em uma Itália pronta a se inflamar com a mínima faísca patriótica, “Nabucco” é a ópera pela qual tudo acontece: primeiro triunfo popular, primeiro “toque de mestre”, primeira prova de que a ópera romântica italiana não aconteceria sem o jovem e temperamental Verdi, quase um desconhecido. 

O espetáculo tem direção musical e regência de Ligia Amadio, concepção e direção cênica de André Heller-Lopes, cenários de Renato Theobaldo, figurinos de Marcelo Marques, design de luz de Fábio Retti e direção geral de Cláudia Malta. O diretor cênico, André Heller-Lopes, relembra: “Depois de levar essa premiada produção de Minas para o Rio de Janeiro e Lisboa, Portugal – um feito para a ópera brasileira – ‘Nabucco’ volta à casa. Para mim, é uma fonte especial de felicidade poder renovar essa parceria com a direção artística e voltar ao Palácio das Artes (onde, além de ‘Nabucco’, tenho lindas memórias de espetáculos como ‘Rigoletto’, ‘Andrea Chénier” ou ‘Lucia diLammermoor’). O momento é especialmente oportuno para falar de intolerância, fé e perseguição religiosa. Nada mais atual do que a perseguição sofrida pelo povo judeu nos tempos bíblicos; um alerta para as ameaças a que todos estamos sujeitos num mundo contemporâneo, muitas vezes pouco humano”. 

Verdi expõe seus personagens, sob tons marciais de uma orquestra que viaja em melodias imortais, tradução da ardente inspiração e de uma sensibilidade à flor da pele tendo, como pano de fundo, uma Itália que escrevia sua história, unificando-se. Uma curiosidade! Com “Nabucco”, Verdi torna-se símbolo da revolução italiana conduzida por Giuseppe Garibaldi (1807-1882), quando surgem as inscrições, “VIVA VERDI”, alusão a “Viva Victor Emmanuel Rei Da Itália” ou V.E.R.D.I.

“Reger ‘Nabucco’ é voltar às minhas origens paternas, de imigrantes italianos”, relembra também a maestra Ligia Amadio, responsável pela direção musical e regência do espetáculo. “Vívidas em minha memória estão as melodias do Coro que inicia o terceiro ato da ópera, ‘A profecia’, pois meus pais a cantavam no coro do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, onde eu e meus irmãos estudávamos. O famoso ‘Va pensiero’, também conhecido como ‘Coro dos Escravos Hebreus’, era parte de nosso repertório. Só anos mais tarde vim a conhecer as razões pelas quais a ópera e o coro, em especial, alcançaram uma conotação patriótica tão importante. Verdi morreu aos 87 anos sendo muito mais do que o grande compositor de 26 aclamadas óperas: amado e admirado por seus compatriotas, havia se tornado uma espécie de herói nacional, ao se destacar no processo de reunificação política italiana. Seu testamento pedia um funeral discreto e foi respeitado, quando o esquife chegou à uma sepultura provisória. Um mês depois, entretanto, quando seus restos foram transladados ao mausoléu da ‘Casa di Riposo’ que Verdi fizera construir em Milão, a cidade literalmente parou. O cortejo foi integrado por membros da família real italiana, por dignitários, diplomatas, políticos e compositores (Puccini, Mascagni e Leoncavallo, entre outros), além de cerca de 28 mil pessoas que acompanhavam o caixão. As vozes dessa multidão se mesclavam às do imenso coro que, regido por Arturo Toscanini, interpretava ‘Va, Pensiero’, o conhecido coro de ‘Nabucco’”.

O fato de Verdi ser um compositor engajado quando “Nabucco” estreou pode ser contestado. Segundo o historiador francês, Pierre Milza (1932-2018), “se ‘Nabucco’ é a primeira ópera patriótica de Verdi, nem o público e o próprio compositor tinham consciência imediata da mensagem revolucionária: em 1842, raros são os que militam a causa liberal e nacional. Apenas em 1846, em Bolonha, as primeiras manifestações patrióticas surgiriam”. 

Porém, “quando a lenda é maior que o fato, publique-se a lenda”.

Finalmente, apesar do fracasso das primeiras óperas e de tantas tragédias na vida pessoal, como a morte de seus dois filhos e de sua jovem esposa, a sorte - “fortuna”, em italiano – através do talento e da grande arte, estava no nome de Giuseppe FortuninoFrancesco Verdi. Sorte também de todos os espectadores no Palácio das Artes.

EQUIPE DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Direção Musical e Regência: Ligia Amadio

Concepção e Direção Cênica: André Heller-Lopes

Diretor Assistente: Menelick de Carvalho

Cenografia: Renato Theobaldo

Figurinos: Marcelo Marques

Desenho de Luz: Fábio Retti

Preparação do Coral Lírico de Minas Gerais: HernánSánchez Arteaga

Direção Geral: Cláudia Malta

ELENCO

Rodrigo Esteves: Nabucco

Eiko Senda: Abigaille

Denise de Freitas: Fenena

Sávio Sperandio: Zaccaria

Giovanni Tristacci: Ismaele

Júlio César Mendonça: Abdallo

Fabíola Protzner: Anna

Cristiano Rocha: Sacerdote

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos nos quais se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete e mais 30 equipamentos culturais independentes. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

INSTITUTO UNIMED-BH – O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo Municipal e Federal, Fundos do Idoso e da Criança e do Adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

Fundação Clóvis Salgado – Av. Afonso Pena, 1537 – Centro  

Belo Horizonte – MG – 30.130-004 –  – 31 3236-7400

Use máscara cobrindo a boca e o nariz. Se cuide!

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