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domingo, 11 de agosto de 2024

Papa: verdadeira fé e oração abrem a mente e o coração, não os fecham

Foto: Vatican Media 

Fechar-se na fortaleza impenetrável das convicções e esquemas rígidos, realizando práticas religiosas que apenas servem para confirmar o que já se pensa, impede um diálogo sincero, uma aproximação entre irmãos e de encontrar verdadeiramente o Senhor", foi o que disse em síntese o Papa Francisco em sua alocução antes de rezar o Angelus neste XIX Domingo do Tempo Comum (11).

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Silenciar e colocar-se à escuta de Deus, acolhendo a sua voz para além dos nossos esquemas e superando os medos com a sua ajuda.

Antes de rezar o Angelus com os peregrinos reunidos na Praça São Pedro sob um calor de 36°C, o Papa comentou o Evangelho de João proposto pela liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum, que fala da reação dos judeus à afirmação de Jesus: “Desci do céu”, "se escandalizam"!

Eles se perguntam como é possível que um filho de um carpinteiro, cuja mãe e parentes são pessoas comuns, conhecidas, normais, como tantos outros, poderia ter "descido do céu", em outras palavras, de "como Deus poderia se manifestar de forma tão comum?". E Francisco explica:

Eles estão bloqueados na própria fé, pelo preconceito, bloqueados pelo preconceito em relação às suas origens humildes e também bloqueados pela presunção, portanto, de não terem nada a aprender d’Ele. Os preconceitos e a presunção, quanto mal fazer! Impedem um diálogo sincero, uma aproximação entre irmãos. Estejamos atentos aos preconceitos e à presunção. Eles têm seus próprios esquemas rígidos e não há espaço em seus corações para o que não tem a ver com eles, para o que não conseguem catalogar e arquivar nas estantes empoeiradas de suas seguranças.

No entanto - observou o Papa - "são pessoas que observam a lei, dão esmolas, respeitam os jejuns e os momentos de oração". E mesmo Cristo tendo realizado vários milagres, isso "não os ajuda a reconhecer n’Ele o Messias". Por quê?

Porque realizam as suas práticas religiosas não tanto para ouvir o Senhor, mas para encontrar nelas a confirmação do que pensam. São fechados à Palavra do Senhor e buscam uma confirmação para os próprios pensamentos. Isto é demonstrado pelo fato de sequer se preocuparem em pedir uma explicação a Jesus: limitam-se a murmurar entre si a respeito dele, como que para se tranquilizarem, uns aos outros, sobre aquilo de que estão convencidos,  e se fecham, são fechados como que em uma fortaleza impenetrável. E assim não conseguem acreditar. O fechamento do coração, quanto mal faz, quanto mal faz!

E isso - observou o Papa - pode acontecer também a nós, na nossa vida de fé e na nossa oração:

Pode acontecer-nos, isto é, que em vez de ouvirmos verdadeiramente o que o Senhor tem para nos dizer, nós buscamos d’Ele e dos outros somente uma confirmação daquilo que pensamos, uma confirmação das nossas convicções, nossos juízos, que são pré-conceitos. Mas este modo de nos dirigirmos a Deus não nos ajuda a encontrar Deus verdadeiramente, nem a abrir-nos ao dom da sua luz e da sua graça, para crescer no bem, para fazer a sua vontade e para superar os fechamentos e as dificuldades.

“A verdadeira fé e oração, quando são verdadeiras, abrem a mente e o coração, não os fecham. Quando encontras uma pessoa que na mente, na oração, são fechadas, essa fé e essa oração não são verdadeiras.”

Então, o convite do Santo Padre a nos perguntarmos:

Na minha vida de fé, sou capaz de realmente fazer silêncio dentro de mim e de me colocar na escuta de Deus? Estou disposto a acolher a sua voz para além dos meus esquemas e superar também, com a sua ajuda, os meus medos?

Que Maria - disse ao concluir - nos ajude a ouvir com fé a voz do Senhor e a fazer com coragem a sua vontade.

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