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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Exagerado convida

Simone é uma das atrações
Foto: Divulgação

“Rock e samba é tudo igual, é tudo pra dançar, pra balançar. Tem mais é que juntar tudo”, disse Cazuza em uma entrevista em 1983. O artista exageradamente poético, atual e singular, dizia ainda que todo hit de rock dava uma boa batucada, contou Guto Goffi, que assina os novos arranjos e a produção musical do projeto, para deixar tudo com a cara do artista lendário, seu parceiro no Barão Vermelho até 1985. E é neste cenário que o bloco Exagerado surge, levando a poesia de Cazuza de forma irreverente, tal como era o seu olhar para a vida. 

O projeto Exagerado Convida, contemplado na Lei Aldir Blanc com patrocínio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa, Prefeitura do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, traz um bate-papo com a Lucinha Araújo, mãe do Cazuza, sobre AIDS e Sorofobia. Nele, um dos temas abordados é o encerramento das atividades da Sociedade Viva Cazuza, local fundado pouco depois da morte do cantor em 7 de julho de 1990, que cuidou de 380 crianças portadoras do vírus HIV, muitas delas abandonadas pelas próprias famílias.

“Assim que o Cazuza morreu, eu tinha que ocupar o meu tempo pra não ficar louca. Então, eu ajudava os pacientes da enfermaria do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, na Tijuca. Depois de um tempo, eu decidi abrir um espaço e os médicos de lá me ajudaram a fundar a Sociedade Viva Cazuza. Visitei algumas instituições em São Paulo e decidi cuidar de crianças”, lembra Lucinha. O lançamento do bate-papo será no domingo (14) , às 16h00, no youtube do bloco (www.youtube.com/blocoexageradooficial).

O projeto também contará com as canções de Cazuza fazendo um “feat” com as novas vozes da música brasileira, apostando na diversidade de ritmos que os convidados e o bloco carregam. O lançamento dessas canções vai acontecer em uma Live no Youtube do bloco, no dia 13/03, às 17h00, para celebrar a obra de um dos maiores poetas do rock nacional, com a participação de artistas convidados.

Os convidados que toparam esse desafio são diversos e tem muito a acrescentar com seus talentos, vozes, estilos, redes e localidades, co-criando novas versões de grandes canções do Cazuza, criando um elo entre o passado, o presente e o futuro. São eles: Janamô, Simone Mazzer e Romero Ferro.

Janamô, artista carioca que usa a força da sua ancestralidade nos seus trabalhos, acredita que a arte de Cazuza é imortal. Ela destaca que: “Trinta anos depois de sua partida, Cazuza segue atual. Uma honra cantar a obra desse gênio subversivo, ainda mais em um bloco de carnaval. A folia encontra morada na obra do poeta, colocando o povo para mexer a bunda e a mente ao mesmo tempo, sem que percebam, a reflexão está ali! Cazuza é denúncia e rebeldia. Carnaval é uma revolução, que começa no quadril. Perfeita a junção para os tempos que atravessamos. É pro dia nascer feliz!”

Simone Mazzer, vibra a arte plural de Cazuza e está ansiosa para entrar em estúdio. "A fase de trabalho onde entramos em estúdio, é das minhas preferidas. Independente do projeto, gosto demais. Quando temos a possibilidade de passar por essa experiência, durante uma pandemia, onde estamos privados de exercer plenamente o nosso ofício, só posso estar muito contente! Esse projeto ocupa esse lugar pra mim, o de voltar - pelo menos um pouquinho - para aquele espaço quentinho de fazer o que a gente escolheu na vida", avalia a artista. Ela ainda completa. "Cazuza está presente em mim na sua forma elegante de debochar de um sistema apodrecido".

Romero Ferro por sua vez, relata que: “Sempre fui muito fã do Cazuza, passei um tempo fazendo um show de tributo a ele, e foi um período onde pude realmente mergulhar na sua vida e obra! Sou pernambucano, e estar no Rio fazendo um projeto com pessoas que estiveram com ele, é como um plot twist incrível da vida. Ele vai ser sempre um artista referencial no meu trabalho, na minha arte. Então todo esse movimento significa um outro movimento profundo aqui dentro, que vai sair ativando lembranças e muitas emoções, revertidas para a música, óbvio!”

Feitas as apresentações deste projeto maravilhoso e essencial para a memória da arte e cultura, é hora de soltar o som e deixar o dia nascer feliz

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