sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Patrícia Ahmaral homenageia Torquato Neto com apresentação

Foto: Kika Antunes


Show “Torquato 80”  acontece no dia 19 de novembro, no Atelier de Criação Artística Casa da Voz, com o repertório do álbum “Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto”. Já o single com a faixa “Cajuína”, está nas plataformas 

No dia 9 de novembro de 2024, o poeta piauiense Torquato Neto (1944-1972) faria 80 anos. Em Belo Horizonte, o autor recebe da cantora Patrícia Ahmaral uma bela homenagem: No dia 19 de novembro, às 20:30h na Casa da Voz (Rua Raul Pompéia, 111),  ela apresenta o show “Torquato 80”, com repertório do álbum “Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto”, songbook duplo lançado no final de 2023. A artista disponibiliza nas plataformas digitais o single “Cajuína”, a icônica canção de Caetano Veloso, composta depois de uma visita do músico ao pai de Torquato, Heli da Rocha Nunes, alguns anos após a morte do poeta.

O single vem com duas colaborações pra lá de especiais: produção musical de John Ulhoa e feat de Fernanda Takai.

Patrícia comenta sobre a faixa: “Embora os versos de Cajuína nos remetam mais diretamente à história do encontro de Caetano Veloso com o Sr. Heli, em Teresina, em outra camada, sugere uma síntese muito sensível sobre a passagem breve e marcante de Torquato entre nós. Entendo como uma metáfora tanto da fragilidade, quanto da enorme força que marcou sua vida: ´... apenas a matéria vida era tão fina/…´. Achei que seria uma homenagem bonita, na sequência do songbook que gravei com as suas parcerias, e na perspectiva do octogenário.

Além de assinar a produção do single, John Ulhoa executa todos os instrumentos. O arranjo traz uma atmosfera poética, delicada e dramática ao mesmo tempo, no diálogo entre instrumentos tocados e efeitos eletrônicos, sem abrir mão das belezas melódica e harmônica originais da canção. Com dois especiais instrumentais incluídos, a letra da música é cantada duas vezes, uma por Patrícia e outra por Fernanda Takai. Ao final da música, elas dialogam com palavras chave do poema.

“A colaboração do John e da Fernanda na faixa é cheia de sentidos muito simbólicos pra mim”, explica Patrícia. “São dois artistas da minha geração que admiro demais, e que são linkados aos territórios mais inventivos da cena! E isso tem tudo a ver com Torquato Neto. Tanto John, na produção, quanto Fernanda, cantando, deslocam e criam um contexto muito especial para a canção! Sem falar que foi uma honra pra mim, tê-los junto no projeto”.

O SHOW TORQUATO 80

Já no show “Torquato 80”,  dia 19 de novembro, no Atelier Artístico Casa da Voz, em Belo Horizonte, Patrícia leva para o palco pela primeira vez o repertório do álbum “Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto - Um Poeta Desfolha A Bandeira (1) & A Coisa Mais Linda Que Existe (2)”, projeto celebrado dentro da música brasileira, como o primeiro songbook de gravações dedicado ao cancioneiro do autor. Com 19 faixas e divulgado nas plataformas em dezembro de 2023, o álbum contou com direção artística do cantor e compositor Zeca Baleiro e produção musical do multi-instrumentista e produtor Rogério Delayon (BH) e da dupla de produtores Marion Lemonnier (Houfleur - FR) e Walter Costa (Niterói). O álbum foi gravado através de recursos da Lei Aldir Blanc e de campanha de financiamento coletivo.

No palco da Casa da Voz, Patrícia se apresenta acompanhada por Rogério Delayon, na direção musical e cordas (guitarra, baixo, dobro e banjo), e pela percussionista Débora Costa, em percussão eletrônica. A direção cênica é do ator, diretor e cantor Marcelo Veronez. Tanto Débora quanto Veronez são novas e bem-vindas colaborações na carreira da cantora.

“Embora tudo esteja roteirizado, a gente deseja aproveitar o ótimo espaço da Casa da Voz, uma sala com característica de teatro de bolso, para criar um clima de “ensaio aberto”. Experimentar caminhos musicais e cênicos, com a cumplicidade do público.

REPERTÓRIO

O roteiro do show alinha os dois volumes do songbook, com canções que vão do período da Tropicália, como as seminais “Geléia Geral” (Torquato Neto e Gilberto Gil) e “Mamãe Coragem” (Torquato Neto e Caetano Veloso), a parcerias menos conhecidas, como com Paulo Diniz (1940-2022), em “Um dia desses eu me caso com você”, e com Geraldo Azevedo, em “O nome do mistério”. Também parcerias póstumas, como “Cogito”, “Quero Viver” e “Jardim da Noite (Esses Dias)”, respectivamente criadas por Rogério Skylab, Chico César e Zeca Baleiro. sobre versos de Torquato. O repertório traz ainda as duas canções mais famosas com letras do poeta: “Pra dizer adeus” (Torquato Neto e Edu Lobo) e o hit dos Titãs, “Go back”, composto por Sérgio Britto sobre dois poemas do autor.

Torquato Neto é dono de um cancioneiro surpreendente, que criou, como letrista, num espectro amplo e diversificado de parcerias, indo dos já citados acima, a também Jards Macalé, Luís Melodia, Nonato Buzar, Carlos Pinto, entre outros, além de nomes menos conhecidos, país afora, que vêm criando sobre seus versos e mantendo sua obra em permanente construção. Dentre seus muitos legados, enquanto poeta, letrista, jornalista, ator, cineasta e agitador cultural, defensor das artes de vanguarda no centro da geração revolucionária dos 1960 e início dos 70, ele foi um dos mentores da Tropicália. Em 1972, cometeu suicídio, deixando uma obra breve e fragmentária, porém absolutamente instigante, e declarada Patrimônio Cultural Imaterial, em 2023.

A ORIGEM DO PROJETO:

Patrícia está em contato com as canções e com o nome do poeta, desde o fim dos anos 90, em início de carreira como cantora . Em 1998, a convite dos poetas Marcelo Dolabela (1956-1972) e Ricardo Aleixo, ela apresentou o show “TorquaTotal”, por eles idealizado, para a "Primeira Bienal Internacional de Poesia de Belo Horizonte”. O show aconteceu no antigo Teatro Alterosa, com direção artística e roteiro do produtor Pedrinho Alves Madeira. Na banda, Celso Pennini (guitarra e arranjos), Luís Patrício (bateria), Rogério Delayon (guitarra e arranjos) e Thiago Corrêa (baixo), que apoiavam Patrícia à época . O álbum de agora é, de certa forma, um desdobramento, 25 anos depois, porém com um repertório ampliado e novas colaborações.

SHOW TORQUATO 80 - Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto

Data:

19/11, terça-feira 

Horário: 20:30h /  Abertura da casa: 19h30 (bar)

Local: Atelier Artístico Casa Da Voz - Rua Raul Pompéia, 111 - São Pedro - Belo Horizonte (31)99720-3111

Ficha técnica show:

Patrícia Ahmaral: voz

Rogério Delayon: direção musical, cordas, vocais

Débora Costa: percussão

Marcelo Veronez: direção cênica

Vendas antecipadas, pelo Sympla: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia):

Site Sympla

 SINGLE “CAJUÍNA”:

Faixa: Cajuína (Caetano Veloso)

Em todas as plataformas digitais.

Ficha Técnica single:

Artista: Patrícia Ahmaral

Feat: Fernanda Takai (artista gentilmente cedida pela Deck)

Produção musical, contrabaixo, guitarra, teclados, respiração, programações: John Ulhoa

Arte gráfica capa: Andrea Pedro

Foto capa: Marlon de Paula

Produzido, gravado, mixado e masterizado por John Ulhoa, no estúdio 128 Japs (BH)

Distribuição digital: Tratore

SOBRE PATRÍCIA AHMARAL - Desenvolveu sua carreira a partir dos anos 90, em efervescente cena cultural belo-horizontina. Artista reconhecida dentro da música produzida a partir de Minas Gerais, participou de projetos importante no país, como “Prata Da Casa” (Sesc Pompeia), “Novo Canto” (RJ), “Bem Brasil” (TV Cultura - SP) e, “Conexão Vivo” (MG e capitais no país), entre outros.

Com cinco álbuns lançados até o momento, dedica-se atualmente à divulgação de seu trabalho mais acalentado, um álbum duplo que gravou, reunindo as parcerias musicais do poeta e multiartista piauiense TORQUATO NETO (1944-1972), projeto inédito na música brasileira. O tributo contou com a direção artística do compositor Zeca Baleiro e produção musical do multiinstrumentista Rogério Delayon (Belo Horizonte) e da dupla de produtores Marion Lemonner (Honfleur-FR)  e Walter Costa (Petrópolis) e participações especiais da BANDA DE PAU E CORDA, de Chico César, Jards Macalé, Maurício Pereira E Tonho Penhasco, Ná Ozzetti, Paulinho Moska e Zeca Baleiro. Com o trabalho, venceu o “PRÊMIO FLÁVIO HENRIQUE - 2024’, do BDMG Cultural, na categoria Intérprete.

Seus álbuns anteriores são “Ah!” (1999), produzido por Zeca Baleiro,“Vitrola Alquimista” (2004), produzido por Renato Villaça e “Superpoder” (2011), produzido por Fernando Nunes. Em 2021, após um período sem cantar e gravar, retoma a carreira e lança o álbum “Ah!Vivo!” registro do show celebratório do tempo de carreira discográfica, realizado no Grande Teatro Cine Theatro Brasil Vallourec, em 2019.

Em seus primeiros discos, ela celebra com paixão a obra de compositores como Sérgio Sampaio, Walter Franco, Raul Seixas, Alceu Valença, os associando a nomes da cena independente, como Mathilda Kóvak, Suely Mesquita, Kalic, Luís Capucho, Edvaldo Santana e a compositores expoentes de sua geração, como Fernanda Takai, Zeca Baleiro, Vander Lee e Chico César. Gravou releituras inspiradas para clássicos, como “Não Creio Em Mais Nada” (Totó) e “A Volta Do Boêmio” (Adelino Moreira).

Entre seus trabalhos de maior visibilidade, destaque para a abertura da Novela “Xica Da Silva”, o tema “Xica Rainha”, e "Quenda" tema do personagem principal, na trilha de Marcus Viana para a trama (Rede Manchete).

Através de festivais e de seus projetos pessoais, já cantou ao lado de nomes como: Rita Benedito, Otto, Vander Lee, Toninho Horta, Paulinho Moska, Titane, Ná Ozzetti, Chico César, Maurício Pereira, entre outros.

Patrícia é também compositora e prepara álbum com canções suas e em parcerias, para 2025, através de projeto contemplado pela Lei Paulo Gustavo - editais Minas Gerais.

É formada em canto lírico pela UFMG e, paralelamente ao canto popular, tem atuações como solista em óperas e concertos.

SOBRE TORQUATO NETO  - O poeta, letrista, jornalista, cineasta e ator Torquato Neto nasceu em 1944, em Teresina (PI). Após seu aniversário de 28 anos, cometeu suicídio, na madrugada de 10 de novembro de 1972, abrindo o gás no banheiro do apartamento onde morava, no Rio de Janeiro, cidade para onde se transferiu em 1962. Parceiro e amigo de Gilberto Gil, de Caetano Veloso, de Jards Macalé, amigo do artista plástico Hélio Oiticica, interlocutor do poeta Décio Pignatari, do cineasta Ivan Cardoso e de outros nomes expoentes, foi defensor das artes de vanguarda como o cinema marginal e a poesia concreta e um dos principais mentores da Tropicália, segundo atesta Gilberto Gil: Ele, Capinam e Caetano formavam um tripé.  Torquato figura na capa do álbum manifesto Tropicália Ou Panis Et Circensis e assina duas das faixas, Geléia Geral, com Gil e Mamãe Coragem, com Caetano.

Entre 1967 e 1972, escreveu colunas culturais, dentre elas, a mais famosa, Geléia Geral, que manteve  por alguns meses entre 1971 e 1972, no Jornal Última Hora, inaugurando um estilo singular, numa impressionante crônica sobre a revolução que acontecia na música e nas artes nacionais naquele período. Torquato deixou um legado breve, fragmentário e plural, em jornalismo, poesia, cinema e composições, cada vez mais reverenciado em teses acadêmicas, documentários e compilações. Segundo o poeta e pesquisador Marcelo Dolabela (1957 - 2020), “Torquato Neto é um dos poucos que se inserem no seletíssimo grupo de artistas que, após a morte, tiveram mais obras lançadas do que quando em vida. Está ao lado de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Vinícius de Morais”.  Em 2023, as obras de Torquato foram declaradas “Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil” pela Câmara dos Deputados. O ano de 2024 traz os 80 anos de nascimento do artista.

Referências:

Gilberto Gil em Torquato Neto - o vôo de fogo do poeta terminal, Tarik de Souza, 1984:

(Torquato) foi uma das pessoas mais influentes no sentido do levantamento ideológico da postura tropicalista. Ele, Capinam e Caetano formavam um tripé (...).

Cláudio Portella, no prefácio de Melhores Poemas, 2018:

Conforme (afirma) José Miguel Wisnik, ele é o primeiro a unificar a densidade entre a poesia escrita e a cantada.

Paulo Leminski, em Folha De São Paulo, Folhetim, 7/11/1982:

Torquato marca uma mudança radical, um salto quantitativo, na história disso que se chama, na falta de termo melhor, poesia brasileira. Poesia que, hoje, não apenas se lê nos livros, mas se escuta nas canções, nos discos, nos rádios, na TV, na vida, enfim. Torquato tem muito que ver com isso (...) Porque, com Torquato, começa a existir essa estranha estirpe de poetas: os letristas.

Use máscara cobrindo a boca e o nariz. Se cuide!

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